Por muito fácil que seja, por vezes, deixar o entusiasmo ceder à hipérbole e declarar uma banda “a melhor de sempre”, o mais difícil, após assistir a este extraordinário retrato dos Swans, é não o fazer.
Formados no início dos anos 80 numa Nova Iorque que foi epicentro de revoluções musicais tão díspares como os Sonic Youth e Madonna, os Swans, liderados desde sempre por Michael Gira e originários do mesmo caldeirão comunitário que geriu os nomes acima mencionados, construíram uma das mais singulares carreiras do rock moderno; começaram por ser uma brutalmente confrontacional e indomável força do pós-punk, tentaram e falharam estrondosamente o salto para o mundo indie que se aproximava em vertigem do mainstream no início dos anos 90, acabaram durante mais de uma década, e retornaram já em 2010 precisamente num ponto só deles, agora, felizmente, com o amplo reconhecimento da crítica e uma base de fãs que ainda hoje cresce diariamente.
Ao longo de todas essas peripécias, um traço em comum: a intensidade esmagadora dos seus concertos, verdadeiros tour-de-force de volume e duração e uma experiência transformadora e inesquecível para todos os sortudos. E é precisamente esta ritualidade da “experiência Swans” que o realizador Marco Porsia consegue, notavelmente, transpor para este documentário que o SONICA EKRANO apresenta na sua versão longa: 160 minutos de uma cosmologia única, o mundo transcendente e incomparável de Michael Gira e, sim, de uma das melhores bandas de sempre.